terça-feira, 14 de outubro de 2008

Hispânia

Hispânia (em latim Hispania) foi o nome dado pelos antigos romanos a toda a Península Ibérica (Portugal, Espanha, Andorra e Gibraltar) e às duas províncias criadas posteriormente durante a República Romana: Hispânia Citerior e Hispânia Ulterior. Durante o Principado, a Hispânia Ulterior foi dividida em duas novas províncias: a Bética e a Lusitânia, enquanto a Hispânia Citerior foi rebaptizada para Tarraconense. Mais tarde, a parte ocidental da Tarraconense foi desanexada, inicialmente como Hispânia Nova, e mais tarde rebaptizada para Callaecia (ou Galécia, correspondente à actual Galiza, Norte de Portugal e Astúrias e parte de Leão). Durante a tetrarquia de Diocleciano (284 d.C.), o sul da Tarraconense foi desanexado para constituir a província cartaginense. O conjunto de todas as províncias hispânicas formavam uma única diocese civil, sob a direcção do vigário de Hispaniae, cujas competências se estendiam também à Mauretânia Tingitana (ao redor de Tânger) que, portanto, eram oficialmente consideradas 'hispânicas'.

A ocupação romana teve início a 218 a.C. com o desembarque dos romanos em Ampúrias e terminou em meados do século V d.C., altura em que toda a península assistiu à invasão dos suevos, alanos e vândalos e, mais tarde, dos visigodos. Ao longo de todo este período, tanto os povos como a organização política do território sofreram profundas e irreversíveis mudanças, e a Hispânia converteu-se numa parte fundamental do Império Romano, proporcionando-lhe um enorme caudal de recursos materiais e humanos, ao mesmo tempo que foi uma das regiões mais estáveis do Império.

Nativos ibéricos
Ver artigo principal: Povos ibéricos pré-romanos
Além dos povos autóctones, já entre os séculos VIII e VII a.C. os fenícios (e, posteriormente, os cartagineses) se haviam fixado na zona oriental, a sul do rio Ebro. Instalaram-se na faixa costeira mediterrânica, estabelecendo grandes entrepostos comerciais que, além de lhes servir para canalizar para o comércio mediterrânico os minerais e outros recursos abundantes na península, introduziram também na região alguns dos produtos elaborados no outro extremo mediterrânico.

Como potência comercial, Cartago ampliava os seus interesses até à ilha da Sicília e ao sul da península Itálica, o que depressa resultou num conflito de interesses entre esta e o incipiente poder que surgia em Roma, confrontando as duas potências nas célebres Guerras Púnicas. À primeira, que culminou senão num instável armistício, depressa se seguiu a segunda, que terminaria doze anos depois com o domínio efectivo de Roma sobre as regiões cartaginesas no sudeste da península.


[editar] A Iberia cartaginesa
Depois da Primeira Guerra Púnica, os descendentes de Amílcar Barca iniciaram a submissão efectiva da península, que se estendeu a uma grande parte, sobretudo no sul e na costa oriental. O feito foi conseguido mediante tributos, alianças, matrimónios ou, simplesmente, usando a força. A península iria proporcionar a Cartago um importante abastecimento de tropas, quer mercenárias quer aliadas, bem como de recursos minerais, com que poderia enfrentar Roma e reafirmar o seu domínio no Norte de África.

Entretanto, o conflito pela hegemonia de Sagunto, cidade costeira helenizada e aliada de Roma, dava início à Segunda Guerra Púnica. Como reacção à pressão do conflito, foram assassinados os partidários de Cartago e, em resposta, Aníbal cercou a cidade (218 a.C.) — que apesar de solicitar a ajuda de Roma nunca a chegou a receber —, apoderando-se dela, embora sem se livrar de uma dura e sangrenta luta, durante a qual foi ferido. Muitos dos habitantes prefiriram suicidar-se a submeter-se à escravidão que os esperava nas mãos de Cartago.

Com a região dominada, Aníbal conduziu os exércitos em direcção à península Itálica. Roma, assistindo às vitoriosas movimentações cartaginesas, responde cortando os suprimentos a Aníbal, atacando a península Ibérica.


[editar] Conquista

Muralha romana da Ampúrias, porta de entrada inicial de Roma na Península Ibérica.Iniciada no século III a.C. como uma invasão estratégica para cortar as linhas de abastecimento Cartaginesas que sustentavam a invasão da península Itálica durante a Segunda Guerra Púnica, depressa passou a assumir a forma de uma invasão de conquista que, em cerca de doze anos, expulsava totalmente as forças cartaginesas da península Ibérica. No entanto, foram necessários quase dois séculos para dominar a totalidade da região, devido, sobretudo, à forte resistências dos povos do interior (celtiberos, lusitanos, cantabros, etc.).


[editar] A guerra contra Cartago
Ver artigo principal: Segunda Guerra Púnica
Roma enviou as suas tropas para a Hispânia ao comando de Cneu e Públio Cornélio Cipião. Gnaeus chegou primeiro, enquanto que o seu irmão se dirigiu a Massilia para conseguir apoios e tratar de cortar o avanço cartaginês. Emporion (ou Ampúrias) foi o ponto de partida de Roma na península. A primeira missão foi encontrar aliados entre os iberos da zona costeira, que provavelmente não resultou como esperado já que, por exemplo, os ilergetes eram conhecidos aliados de Cartago. Assim, Gnaeus foi obrigado a submeter (ora pela força, ora mediante tratados) a zona costeira a norte do rio Ebro, incluindo a cidade de Tarraco, onde estabeleceu a sua residência.

O primeiro combate importante entre cartagineses e romanos teve lugar em Cissa (218 a.C.), provavelmente próximo de Tarraco, embora se tenha, pretensamente, identificado com Guissona, na actual província de Lérida. Os cartagineses, a mando de Hannon, foram derrotados pelas forças romanas encabeçados pelo próprio Gneu. O líder dos Ilergetes, Indíbil, que combatia pela facção cartaginesa, foi capturado. Embora a vitória de Gneu parecesse concretizada, surgiu Aníbal Barca com reforços, dispersando os romanos, sem os derrotar. Os cartagineses regressaram a Nova Cartago (actual Cartagena), e os romanos à sua base principal, a cidade de Tarraco.

Seguiram-se várias batalhas, das quais se destacam a de Hibera e a de Baecula. Ao culminar das lutas contra a presença cartaginesa na península, Roma dominava uma região que ia desde os Pireneus ao Algarve, até Huesca, organizando a zona em duas províncias: as Hispânias Citerior e Ulterior. A partir daí, impulsionada quer pela política imperial, quer pela ameaça fronteiriça dos povos rebeldes, Roma prosseguiu a conquista da península, cuja dominação perduraria até à entrada das invasões bárbaras, já no século V, formando durante os sete séculos sob a sua influência, uma população homogénea na Hispânia, conhecida como hispano-romana.


[editar] Romanização
Ver artigo principal: Invasão romana da península Ibérica
Na sequência da presença romana quase forçada na península, Roma expandiu as suas fronteiras para noroeste, alcançando o Atlântico a oeste e o mar Cantábrico a norte, conquistando assim a totalidade da península. Durante este processo, a influência romana (romanização) só foi progressivamente assimilada, depois dos longos dois séculos que demorou.

Devido à ocupação romana das terras dos povos nativos — nomeadamente os que tiveram pouco ou nenhum contacto com as outras potências mediterrânicas (gregos e cartagineses) —, que ofereceram maior oposição ao avanço de Roma, a língua e costumes ancestrais foram praticamente extintos, à excepção do euskera (basco), que sobreviveu nas colinas ocidentais dos Pirinéus, onde a romanização não foi tão intensa, já que a cultura romana se propagava paralelamente aos interesses comerciais da metrópole, demorando, portanto, a chegar aos lugares de menor importância.

Desta forma, os povos que tinham sido aliados dos romanos, como os turdetanos, assimilaram rapidamente o modo de vida romano e nas regiões por estes ocupadas se fundaram as primeiras cidades romanas, que serviriam também de bases militares para as legiões.

No entanto, o processo foi muito mais moroso no que toca aos povos do interior, como os Lusitanos e aos do noroeste peninsular, como os brácaros - especialmente na zona da Calle, onde encontraram feroz resistência durante longos anos, facto que levou a que os romanos chamassem a todo o restante território de Galécia, tendo inclusivamente Décimo Júnio Bruto se auto-intitulado de Calaico ou Galaico ("o Galego") - do que com os mais enraizados com a cultura celtibera, manifestando-se através de uma forte resistência armada como demonstram os episódios de Numância ou da rebelião de Viriato.

Não obstante, a romanização de toda a península foi inevitável. Roma impulsionou o repovoamento, não só repartindo as terras entre as tropas licenciadas, como permitindo a fixação de famílias originárias da península Itálica, que vieram para a Hispânia em busca das riquezas e do território fértil, transformando toda a região num notável pólo de desenvolvimento económico. Não foi por acaso, portanto, que Trajano e Adriano eram naturais da Hispânia.


[editar] Cidades fundadas
Embora a influência romana tenha tido grande repercussão nas cidades já existentes em toda a península, foi nas cidades formadas pelos próprios que se centraram os maiores esforços urbanísticos, como:


Anfiteatro de Italica.Tarraco (Tarragona), que teve origem no acampamento militar estabelecido por Gnaeus Cornelius Scipio Calvus em plena Segunda Guerra Púnica; foi rapidamente promovida a capital da Hispânia Citerior e, posteriormente, da província Tarraconense. Júlio César deu-lhe o estatuto de colónia (Colonia Iulia Triumphalis Tarraco) em 45 a.C..
Emerita Augusta (Mérida), fundada a 25 a.C. por Publio Carisio, representante de Octávio Augusto para as legiões V (Alaudae) e X (Gemina). Rapidamente se converteu numa das cidades mais importantes de Hispânia e tornou-se capital da Lusitânia;
Italica (Santiponce), foi a primeira cidade puramente romana fundada na região. Nasceu como hospital de campanha para os feridos da batalha de Ilipa. Na época de Júlio César consegue o estatuto de município, embora o seu máximo esplendor tenha sido atingido durante os séculos I e II d.C., altura em que conseguiu o estatuto de colónia (Colonia Aelia Augusta Itálica).
Outras cidades que se tornaram notáveis, embora não sendo de fundação romana, algumas das quais ascenderam ao estatuto de capital provincial, foram: na Espanha*: Corduba, Carthago Nova; em Portugal*: Bracara Augusta, Balsa e Olissipo.


[editar] Arquitectura romana

O Aqueduto de Segóvia.Ver artigo principal: Arquitectura romana
A civilização romana ficou conhecida como grande empreendedora no que toca às infra-estruturas; foi a primeira civilização a esforçar-se seriamente nas obras civis como parte do desenvolvimento e conservação dos domínios (não só geográficos, mas militar e economicamente falando) do seu extenso império. Hispânia, sob a forma das suas várias províncias, assistiu também a grandes empreendimentos:

Estradas: os Romanos projectaram estradas que uniam Cádiz aos Pireneus e das Astúrias a Múrcia, cobrindo os litorais mediterrânicos e atlânticos pelas conhecidas vias: Via Lata (actualmente conhecida como Via da Prata), Via Augusta e Via Exterior são os mais notáveis exemplos. Para sinalizar as distâncias, eram colocados os miliários que, em forma de coluna ou grandes pedras, marcavam a distância desde o ponto de origem em milhares de passos (milhas). O cuidado aplicado na projecção destas estradas subsiste até aos dias de hoje, já que a maior parte do traçado foi aproveitado nos traçados das auto-estradas e estradas nacionais actuais. Segundo o Itinerário de Antonino, existiam em território português 11 eixos viários que ligavam esta região às grandes vias que conduziam a Roma.
Pontes: grande parte das numerosas pontes romanas conservaram-se até à actualidade e são ainda utilizadas por toda a região.
Aquedutos: destacam-se, pelo seu estado de conservação, o aqueduto de Segóvia, Tarraco (Ponte do Diabo) e também as ruínas do aqueduto de Mérida, conhecido como Aqueduto dos Milagres.

Esquema de termas romanas sobre as Termas de Azaila (Teruel).Termas: Na Península Ibérica existe uma grande diversidade arqueológica deste tipo de construção, destacando-se, pelo seu estado de conservação, as termas de Alange (próximo de Mérida) que, após várias reformas ao longo dos séculos XVIII e XIX, encontram-se actualmente abertas ao público como parte de um balneário.
Teatros: como actividade lúdica favorita dos hispano-romanos, o teatro era indispensável à cidade que desejasse subir a esse estatuto. É dessa forma que surge o teatro de Emerita Augusta, construído praticamente ao mesmo tempo que o resto da cidade, pelo cônsul Marco Agripa. Destacam-se ainda os anfiteatros de Italica, Sagunto, Clunia e Saragoça, entre outros do legado arqueológico, alguns destes ainda utilizados para festivais de teatro.
Anfiteatros: Diferentes dos anteriores, eram tipicamente utilizados para um tipo de espectáculos diferentes, como a luta de gladiadores, ou mesmo batalhas navais (como no caso do Coliseu de Roma). Na Hispânia chegaram-se a construir vários, cujos restos ainda se conservam em Italica, Tarragona e Mérida.

[editar] História posterior
Ver artigo principal: Invasões bárbaras da Península Ibérica

Distribuição dos povos bárbaros na Hispânia, cerca de 560 d.C..Na sequência da pressão dos hunos, vários povos foram forçados a deslocar-se pela Europa. Em 405, duas tribos germânicas, os vândalos e os Suevos, juntamente com os Alanos, atravessaram o Reno em direcção à Gália e, mais tarde, para a península, onde os visigodos já esboçavam a quebra das ligações da Hispânia romana com o restante Império. Os suevos estabeleceram um reino no noroeste; os vândalos, pouco mais de 80.000, ocuparam o sul, na actual Andaluzia. Com grande parte da península já fora do seu controlo, o Imperador Romano do Ocidente, Honório (r. 395-423), encarregou a sua irmã, Galla Placidia, e o seu marido, Ataúlfo, o rei visigodo, de restaurar a ordem, concedendo-lhes o direito de se instalarem na península contribuindo, para isso, na defesa e manutenção da região. Os visigodos conseguiram subjugar os Suevos e expulsar os vândalos, que migraram para o Norte de África. Em 484, estabeleceram Toledo como capital. Note-se, portanto, que a ocupação visigótica não constituiu, de forma alguma, uma invasão propriamente dita, já que este eram, inclusive, assistidos no governo por hispano-romanos, e o latim permaneceu a língua oficial.

O cristianismo, introduzido logo no século I e doravante sustentado como religião oficial do Império Romano, tornou-se fundamental durante a ascendência visigótica, já que a Igreja permitia a coesão dos povos.


[editar] Economia
Antes da ocupação cartaginesa, já circulavam no Mediterrâneo lendas sobre as riquezas de Tartesos, e sobre expedições comerciais que regressavam da Hispânia carregadas de prata.

Com a derrota na Primeira Guerra Púnica, Cartago perdeu importantes mercados e foi obrigada a pagar tributo a Roma. Como reacção, decidiu expandir-se pela costa ibérica, que ainda permanecia fora dos domínios de Roma, em busca de riquezas que poderiam financiar uma eventual retaliação. Interessada sobretudo em obter benefício rapidamente, explorou as minas de prata por todo o litoral andaluz e oriental, extraindo importantes quantidades deste metal, que seriam utilizadas para financiar em grande parte a Segunda Guerra Púnica e as campanhas itálicas de Aníbal.

Por este motivo, entre outros, um dos objectivos estratégicos de Roma seria precisamente cortar a ligação das minas hispânicas com Cartago, e é por isso que se dirigem de imediato contra as minas de Carthago Nova. Em parte devido à perda destes e de outro tipo de recursos, com especial impacto nas campanhas de Aníbal, este renuciava à guerra itálica em 206 a.C..


Boca de entrada de uma mina de cobre em Texeo (Principado de Astúrias), explorada durante a época romana.Apesar da moeda já ser utilizada na península, foi Cartago que generalizou o seu uso, como forma de pagamento às tropas, antes e depois da invasão romana. Seriam, no entanto, os Romanos a impor a utilização da moeda em todo o território hispânico. A abundância de moedas encontradas, sobretudo as de valor mais pequeno, prova que o uso monetário esteve amplamente aplicado no quotidiano. Uma vez consolidado o poder romano na península, muitas cidades cunharam moeda: Tarraco (a primeira), Itálica, Barcino, Caesaraugusta, Emerita Augusta, etc.

Roma continuou as práticas de extracção mineira, já iniciadas pelos Iberos e melhoradas pelos cartagineses, importando as técnicas usadas no Egipto Ptolomaico. Em relação aos minerais, os de maior interesse foram prata, cobre e ferro. Desta produção, além dos vestígios encontrados em antigas minas, foram encontrados lingotes de prata e cobre com os selos dos fundidores hispânicos.

Na agricultura, destaca-se o cultivo da azeitona, já desde o século II a.C., especialmente no litoral tarraconense e bético. Com efeito, a Bética especializou-se na produção de azeite para exportação para Roma e norte da Europa. Os inúmeros achados arqueológicos no monte Testaccio, em Roma, permitem deduzir a dimensão do comércio do azeite bético e, portanto, a importância que teve na agricultura hispânica: segundo os estudos[1], mais de 80% do volume do monte é composto por ânforas de azeite béticas. Além disso, foram também encontradas ânforas de origem bética em Alexandria e inclusivamente em Israel. Também existe registo de um importance comércio de azeite no século II d.C. com destino às guarnições romanas na Germânia. Além dos achados já citados, destaca-se também Lora del Río, na província de Sevilha, pela quantidade de ânforas encontradas.


[editar] Arte romana
Ver artigo principal: Arte romana

[editar] Pintura
Segundo Vitrúvio, a pintura romana passou por várias fases de desenvolvimento, desde a decoração de paredes com texturas que se assemelhavam às do mármore ou de colunas (com incrustações), passando pela recreação de cenas teatrais, paisagísticas, religiosas ou épicas (estilo arquitectónico), até à recriação de criaturas monstruosas ou objectos impossíveis da primeira época imperial (estilo ornamental). Já em pleno século I assiste-se a um novo estilo mais abstracto (estilo ilusionista).

Em toda a Hispânia subsistem provas desses mesmos estilos pictóricos nos conjuntos arqueológicos das primeiras cidades, como Italica, Mérida, Tarragona ou Astorga, bem como Almedinilla, Alcúdia, Alcolea del Río, Osuna, Carmona, etc. A partir do século III, as correntes artísticas procedentes do norte de África estendem-se pelo oeste peninsular ao longo da Via da Prata. Entre as decorações mais frequentes, podem-se destacar:

Imitação de mármores: Muito frequente em todos os assentamento romanos, imitam-se placas de mármore com ampla gama cromática; de grande extensão no tempo, desde o século I ao IV. Menos frequente é a imitação de incrustações, consistente com a imitação de mármore recortado e formando figuras;
Decoração em relação contínua: Nesta decoração, o motivo geométrico é repetido em cadeia e encadeado. Um exemplo deste estilo encontra-se na Casa del Mitreo, em Mérida. Este estilo pertence principalmente à segunda metade do primeiro século.
Decoração figurada: Consiste na pintura de pequenos quadros no centro das paredes, com representações humanas e cenas mitológicas, religiosas ou sexuais (frequentemente muito explícitas). Também se encontram grandes frisos decorados com cenas de caça ou corridas, embora com menor frequência. O estilo estende-se durante quase todo o período de influência romana na península, embora mais abundante entre os séculos I a IV.
Animais, vegetais: ainda se podem encontrar em necrópoles, como a de Carmona, inseridos em motivos religiosos. Os animais usavam-se com frequência como simples objecto pictórico decorativo, em ocasiões inseridas em esquema de relação de contínua (enchendo o interior de figuras geométricas) e em candelabros, com pássaros entre os motivos florais. Os motivos vegetais usavam-se com abundância tanto na pintura funerária como na decoração doméstica.
Decoração arquitectónica: Imitação de colunas ou pilares, tipicamente usados como divisão das paredes. Também eram imitados capitéis. Não existe, no entanto, nenhuma ocorrência documentada deste estilo na Hispânia.

[editar] Escultura
A tradição romana de esculpir procede directamente da cultura grega, embora adaptada à estrutura político-social da Roma Antiga. As classes dominantes utilizavam a escultura como manifestação da sua elevada posição social, não só no âmbito privado - como nas suas villas - como também em público, em que a escultura era usada como modo de promoção política. Como parte integrante do Império Romano, a Hispânia não ficou à margem desta corrente artística.

A escultura romana baseiava-se em dois materiais: o mármore e o bronze. Poucas são as esculturas romanas que sobreviveram à corrosão provocada pelo tempo ou intempérie, ou mesmo à reutilização do material para outros fins.

A escultura romana concentrava a sua atenção no busto do personagem retratado, bem como nas mãos e antebraços, e o resto do corpo era construído e adquirido de forma separada. Ao longo do tempo, esta tendência evoluiu para modelos de meio corpo, já no século II. A acentuação dos detalhes do rosto delata a influência etrusca da escultura romana.

No âmbito público, a escultura desempenha um papel fundamental na ornamentação dos edifícios públicos, mostrando ao povo as imagens dos governantes e, durante a época imperial, enaltecendo a figura do imperador. Uma boa demonstração desta profusão de esculturas públicas pode ser comprovada nos teatros, fóruns, termas, etc.


Mosaico com peixes em Conímbriga, perto de Coimbra, Portugal.
[editar] Mosaico
O mosaico utilizava-se com abundância para pavimentar o solo das casas romanas, especialmente quando se tratavam das famílias mais importantes de cada cidade. Graças à grande profusão do mosaico, e pelas características dos materiais usados — principalmente vidro, cerâmica e pedra, conhecidos genericamente como tesselas —, os restos arqueológicos desta variedade artística são muito abundantes, e alguns encontram-se mesmo em excelente estado de conservação.


[editar] Organização político-administrativa

[editar] Divisão provincial
Todo o Império Romano estava dividido em províncias. Dentro de cada província, o governo era exercido a partir de uma capital, por um pretor, pró-cônsul ou cônsul, dependendo da sua importância estratégica e dos níveis de instabilidade dentro ou fora das suas fronteiras. No caso da Hispânia, que duraria cerca de dois séculos a ser definitivamente conquistada, as estruturas administrativas foram reorganizadas sucessivamente, em função da adaptação aos costumes e estilo de vida romanos.

Cada província era, por sua vez, dividida em conventus (circunscrições jurídicas e de certo modo administrativas ), com sede nas cidades mais significativas da zona.


[editar] Divisão provincial da República

Primeira divisão administrativa da Hispânia em duas províncias: Citerior e Ulterior.Nos primeiros tempos da Romanização, a parte da península Ibérica já ocupada pelos Romanos foi organizada administrativamente em duas partes que, no seu conjunto, eram referidas como "as Hispânias" (Hispaniae). À parte mais próxima de Roma foi dado o nome Citerior e, à mais remota, Ulterior. A fronteira entre as duas eram uma linha sinuosa desde Nova Cartago (actual Cartagena) e o mar Cantábrico:

A Hispânia Ulterior compreendia a actual Andaluzia, Portugal, a Extremadura, a província de Leão, grande parte da antiga Castilla la Vieja, a Galiza, Astúrias, Cantábria e o País Basco.
A Hispânia Citerior compreendia a parte oriental da antiga Castilla la Vieja e as actuais Aragão, Valência, Catalunha e a maior parte da antiga Castilla la Nueva.
Ainda que tecnicamente toda a península tenha sido dividida em duas metades, na prática o domínio romano centrava-se unicamente na costa mediterrânica, já que a maior parte da península ainda era, nesta altura, controlada pelos povos autóctones (Celtiberos, Lusitanos, Ilergetes, etc). Entre os anos 218 a.C. e 205 a.C., altura em que os Cartagineses foram definitvamente expulsos do território ibérico, o poder político era exercido desde a capital Tarraco, fundada durante a Segunda Guerra Púnica. Posteriormente, ao criar-se esta primeira divisão territorial, o centro do governo passaria a ser exercido a partir de Córdoba.

Já no século I a.C., surge Quinto Sertório, que alinhava junto do partido popular que se opunha ao governo oligárquico dos primeiros ditadores, como Sula, e se estabeleceu na Hispânia aliando-se aos Lusitanos. Aproveitou as estruturas republicanas, já em decadência no resto do Império, para criar um governo autónomo da metrópole romana. Apesar das sucessivas incursões militares que pretendiam restaurar o domínio romano na península, soube contê-las durante pelo menos oito anos, até ser assassinado a 72 a.C., a mando de Pompeu que, além do domínio da região, procurava erradicar os vestígios do republicanismo romano.


[editar] Divisão provincial de Augusto

Reorganização de Augusto em três provínciasm após as Guerras Cantábricas (69 d.C.): Bética, Lusitânia e Tarraconense.A 27 a.C., o general e político Marco Vipsânio Agripa reorganizou a península em três partes, basicamente pela divisão da Hispânia Ulterior na Bética (com correspondência à actual Andaluzia) e na Lusitânia (que incluía a Galécia e as Astúrias), e na anexação da actual Cantábria e do País Basco à Hispânia Citerior.

O imperador Augusto regressaria à península ainda no mesmo ano, para consagrar a nova reorganização:

Hispania Ulterior Baetica, com capital em Córdoba. Incluía um pouco menos da actual Andaluzia — a actual Almeria e as províncias de Granada e Jaén ficaram de fora — mais a zona a sul da actual cidade de Badajoz. O rio Anas, ou Annas (actual Guadiana, de Wadi-Anas) separavam a Hispânia Bética da Lusitânia;
Hispania Ulterior Lusitania, cuja capital foi estabelecida em Emerita Augusta (actual Mérida), sendo excluídas a Galécia e as Astúrias;
Hispania Citerior, com capital em Tarraco (actual Tarragona). Com o tempo, a província ganharia importância e seria conhecida por apenas Tarraconensis (Tarraconense); compreendia a Galécia (actual Galiza), norte de Portugal e Astúrias.
Enquanto que as províncias Tarraconense e Lusitânia eram províncias imperiais (o que pressupõe que o governador era directamente nomeado pelo Imperador) devido ao seu nível de instabilidade, a Bética, menos conflituosa, era uma província senatorial, sendo que o governador era nomeado pelo Senado.


[editar] Divisão provincial de Caracala

A reorganização de Diocleciano, em 298 d.C..Já no século III, o imperador Marcus Aurelius Antoninus procedeu a nova reorganização, embora de duração efémera: nova divisão da Hispânia Citerior em duas partes, criando as novas províncias Provincia Hispania Nova Citerior e Asturiae-Calleciae. Encontra-se ainda por justificar esta estranha divisão de curta duração mas, em 238, a Hispânia Citerior (agora Tarraconense) foi novamente reunificada.


[editar] Divisão provincial de Diocleciano
Iniciando-se com a reforma da Tetrarquia de Diocleciano, em 298 d.C. a Tarraconense foi dividida em três províncias (Galécia, Tarraconense, e a Cartaginense). Hispaniae tornou-se no nome de uma das quatro dioceses — governadas por um vigário — da prefeitura pretoriana Galliae (das Gálias, incorporando também as províncias das Gálias, Germânia e Britânia), após a abolição da Tetrarquia imperial sob o Imperador Romano do Ocidente (em Roma e, mais tarde, em Ravenna). As dioceses compreendiam agora as cinco províncias peninsulares (Bética, Galécia e Lusitânia, cada uma com um governador Consularis; e a Cartaginense e Tarraconense, ambas sob um Praeses), as Insulae Baleares (também sob um Praeses) e também a Mauretânia Tingitana (anexando, portanto, o Norte de África, actual Marrocos; também sob um Praeses).


[editar] Organização política local
Na Hispânia, tal como no resto dos territórios da República Romana e posterior Império Romano, as cidades compartilhavam as mesmas formas de governo herdadas de Roma, que não eram senão uma cópia das próprias instituições da capital imperial. Inicialmente, nem todas as cidades gozaram do privilégio de tais instituições, se bem que Augusto e, posteriormente, Vespasiano, incrementaram sensivelmente este número, estendendo estas instituições às principais cidades da península.

Para adoptá-las, as cidades deviam previamente receber o estatuto de municípios, o que permitira que os seus cidadãos notáveis pudessem optar pela cidadania romana bastando, para isso, exercer alguma magistratura. Para alcançar o estatuto municipal, a cidade deveria preencher uma série de requisitos relativos ao nível de urbanização, como contar com adequados serviços públicos, devidamente adaptados aos costumes e estilo de vida romano. Essa responsabilidade cabia, sobretudo, aos notáveis da cidade, através da construção de obras públicas e outras actividades de bonificação social. Uma vez alcançado o estatuto, cabia aos governadores da cidade impulsionar e desenvolver a cidade através deste tipo de obras para conseguir mais privilégios sociais.


[editar] Magistraturas locais
A política local assentava sobre as magistraturas que, segmentadas em vários níveis e de vigência de um ano, eram as encarregadas do governo local. Assim, existiam os questores, encarregados da colecta de impostos (os locais estavam em contacto com os provinciais para a administração dos impostos), os ediles, encarregados da segurança pública e respectivas sanções, bem como da organização dos jogos e regulamentação dos mercados, e os duoviros (ou quattuorviros), que detinham o máximo poder executivo e se encarregavam de elaborar os censos, da designação de juizes, da administração das finanças e do cumprimento dos preceitos religiosos da cidade.

As magistraturas locais eram eleitas anualmente por sufrágio entre os cidadãos, sendo eleitos dois magistrados para cada uma delas em que um deles, em algumas ocasiões, dispunha do direito de veto sobre as decisões do seu colega.

Por outro lado, o acesso à magistratura encontrava-se limitado aos cidadãos cuja capacidade económica permitia suportar a «summa honoraria», um valor estipulado por lei que deveria ser investido na organização de jogos, bem como outras actividades municipais, como a organização de espectáculos lúdicos, ou a construção de templos e outros edifícios públicos. Graças a este sistema, resta actualmente uma rica epigrafia por toda a Hispânia, já que as famílias importantes faziam constar a sua contribuição no desenvolvimento das cidades. Também no aspecto económico estas actividades representaram um suporte fundamental, pois obrigaram à redistribuição das riquezas acumuladas por estas famílias.

Em alguns municípios, consoante a sua importância, podia existir, além das magistraturas convencionais, uma cúria, eleita a cada cinco anos e formada por cidadãos que anteriormente tivessem exercido alguma magistratura local. Estes cidadãos, ao entrar na cúria, passavam a designar-se decuriões.

É também de ressalvar a reforma efectuada por Vespasiano em 73 ou 74 d.C., promulgando por toda a Península o chamado «Édito de Latinidade», inserido na «Lex Flavia Minicipalis, uma reorganização geral das estruturas de governo locais em todo o Império, que outorgou às cidades as instituições do direito latino, numa possível tentativa de integrá-las numa rede de colecta de impostos mais eficiente. Este reforma teve maior repercussão no interior peninsular, já que romanização do sudeste já vinha sendo feita desde o período republicano.


[editar] Etimologia
O nome "Hispânia" é latino, cunhado pelos romanos (Hispaniae), embora o território já fosse conhecido pelos Gregos como Ibéria. Consequentemente, a historiografia tem algum cuidado na utilização dos termos iber ou hispanus, já que a utilização de cada em referência aos povos ibéricos transporta consigo diferenças temporais e sociais. A literatura romana emprega sempre o nome "Hispânia", citado pela primeira vez pelo poeta Quinto Ennio, em 200 a.C., enquanto que a literatura grega emprega sempre o nome "Ibéria".

Sabe-se que os fenícios e os cartagineses se referiam à Península Ibérica pelo nome de Span ou Spania tendo como significado "oculto" (país escondido e remoto). Existe outra versão de que a origem do nome estará na terminação fenícia I-shphanim, que literalmente significa "de dassies" (shphanim é a forma plural de shaphán, utilizada para designar a família Hirax) que foi o vocábulo com que decidiram os Fenícios, à falta de nome melhor, denominar o coelho Oryctolagus cuniculus, por eles pouco conhecidos e que abundava no extremo da península. Outra versão desta teoria aponta para a derivação de Hi-shphanim, ou "ilha de coelhos". Por outro lado, os hiraxes não eram os únicos animais a despertar a atenção pela sua abundância: os Gregos chamaram à península Ophioússa, que significa "terra de serpentes", e só mais tarde alteraram o nome para "Ibéria" porque, segundo parece, iber era uma palavra muito utilizada pelos habitantes da península, que é um vocábulo geográfico, embora não se possa associar concretamente ao rio Ebro pois também era usado em regiões mais distantes, como a actual Andaluzia. Alguns linguístas colocam a hipótese de significar simplesmente "rio", embora na realidade não se possa ter a certeza.

Grande parte do conflito das Guerras Púnicas entre Cartago (Fenícios, portanto) e Roma teve lugar na Península Ibérica, com o triunfo dos Romanos. Durante a subsequente invasão, os Romanos mantiveram o nome usado pelos Cartagineses, Ispania, ao qual, mais tarde, adicionaram um H, tal como fizeram com "Hiberia". Da mesma forma como fizeram com a Gália (as Gálias), também se referiam à península por "Hispânias" (Hispaniae). Esta foi a primeira província romana a ser invadida, e a última a ser totalmente dominada, já sob César Augusto.

O casionalmente era chamada de Hesperia, "a terra do oeste", pelos autores romanos, ou Hesperia ultima. Outra teoria deriva o nome de uma palavra basca, Ezpanna, que significa "fronteira" ou "ponta".[2]

Os romanos inicialmente dividiram as Hispânias em duas províncias (197 a.C.), regidas por dois pretores: a Citerior, a norte do Ebro, e a Ulterior, a sul. As longas guerras da conquista duraram dois séculos, e incluem-se historiograficamente no processo designado como romanização. Com a conquista, cortou-se a evolução natural da civilização indígena, substituindo-a pela heleno-latina. Durante este processo, verificaram-se vários conflitos:

As guerras de independência, em que os iberos e outros povos foram gradualmente vencidos e dominados, apesar das resistências levadas a cabo em Numância e por Viriato, entre outros.
A guerra dirigida por Sertório, pretor da Hispânia Citerior, de onde desafiou o poder de Roma, com algum êxito.
A guerra civil entre Júlio César e Pompeu, que se desenrolou em grande parte no território ibérico.
As campanhas de César e Augusto para submeter os galaicos, os astures e os cantabros.
E, finalmente, no século I, consegue-se a Pax Augusta: a Hispânia é dividida em três províncias. É neste período que surgem dois escritores cuja obra é uma referência actual para os historiadores: o geógrafo Estrabão, e o historiador universal Trogo Pompeu. Ambos dedicam alguns capítulos nas suas obras à Hispânia:

Estrabão refere a Iberia no seu terceiro livro de Geographia:

«Alguns dizem que as designações de Iberia e Hispânia são sinónimas, que os romanos designaram a região inteira [a península] indiferentemente com os nomes Iberia e Hispânia, e às suas partes lhes chamaram Ulterior e Citerior».
Trogo construiu a imagem dos seus habitantes:

«Os hispanos [de Hispânia] têm o corpo preparado para a abstinência e fadiga, e ânimo para a morte: uma dura e áustera sobriedade para todos[1]. [...] Em tantos séculos de guerra com Roma, não tiveram nenhum outro capitão a não ser Viriato, um homem de tal virtude e continência que, depois de vencer os exércitos consulares durante 10 anos, nunca quis distinguir-se no seu modo de vida de qualquer soldade raso».
Outro historiador romano, Tito Lívio (59 a.C.-17 d.C.), escreve também sobre o carácter do homem hispânico, segundo a sua perspectiva:

«Ágil, belicoso, inquieto. A Hispânia é distinta da Itálica, mais disposta para a guerra por causa do agreste terreno e do génio dos homens».
Lúcio Aneu Floro (entre os séculos I e II), um historiador amigo de Adriano, também teceu algumas considerações:

«A nação hispânica, ou a Hispânia Universa, não soube unir-se contra Roma. Defendida pelos Pirinéus e pelo mar, podia ter-se tornado inacessível. O seu povo foi sempre valoroso, mas muito mal hierarquizado» [i.e., apesar de cada tribo ou povoação dispor de um líder, não existia nenhuma forma de coordenação].
Valério Máximo referiu-se à fidelidade hispânica como «fides celtibérica». Segundo esta fides, o ibero consagrava a alma ao seu líder e não considerava correcto sobreviver-lhe em combate. Esta era a fidelidade ibérica, que se tornou conhecida durante a formação do Império Romano como devotio (já na Idade Média, esta fidelidade dos Celtiberos foi tida em conta, à qual designaram de Lealdade Hispânica).

Mais tarde, no século IV, surge outro escritor, um retórico gálico chamado Drepanius Pacatus, que dedica parte da sua obra a descrever a geografia, clima, habitantes, soldados e afins da Península Ibérica, mostrando em todo o texto grande admiração:

«Esta Hispânia produz duríssimos soldados, hábeis capitães, prolíficos oradores, iluminados artistas. É mãe de juízes e príncipes; Deu Trajano, Adriano e Teodósio ao Império».
Ainda durante este período, surge uma obra designada Expositio totius mundi em que se descreve a Hispânia como «Hispânia, uma longa e vasta terra, de abundantes homens sábios»[2]. Por esta altura, o nome Hispania era alternado com a nova forma Spania.

Paulo Orósio (390-418), um historiador discípulo de Santo Agostinho e autor de Historiae adversus paganus, a primeira obra cristã sobre História Universal, comenta, ao referir-se a uma qualquer atitude reprovável de um pretor:

«Para Orósio, Hispânia é uma terra com vida colectiva e com valores próprios»[3].
Com o tempo, começou-se a utilizar uma forma secundária, Spania, e daí se derivaria o nome actual, Espanha. Segundo São Isidoro, com a dominação visigótica passou-se a esboçar a ideia da unidade peninsular e, pela primeira vez, refere-se na madre España (mãe Espanha) — até à data, teria sido uso o termo Hispânia para designar todos os territórios da península. Na sua obra Historia Gothorum, Suintila surge como o primeiro rei de "totius Spaniae"; o prólogo desta obra é o conhecido De laude Spaniae (sobre o orgulho hispânico) e aí se trata a Hispânia como nação goda. O topónimo Hispânia passou a ser usado para designar o colectivo dos reinos medievais na península, com a posterior inclusão das Ilhas Baleares.

Com a invasão muçulmana, a utilização do nome Spania - ou Espanha (اسبانيا, Isbá-nía ) - foi totalmente desvirtuada. Curiosamente, os documentos da Alta Idade Média designam para Espanha todo o território exclusivamente dominado pelos muçulmanos. E é desta forma que Afonso I de Aragão, o Batalhador (1104-1134), que "reina em Pamplona, Aragão, Sobrarbe e Ribagorza", como se refere nos seus documentos, e que, em 1126 procede a uma expedição a Málaga dizendo que ia a "terras de Espanha". No entanto os andaluzes chamavam os reinos cristãos de al-Jalaliqa (Galiza))[3] [4]

Não obstante, a partir de finais do século XII, passou-se a designar, toda a península, incluindo quer as regiões muçulmanas, quer as regiões cristãs, com o nome Espanha. É assim que surge a expressão dos cinco reinos de Espanha: Granada (muçulmana), Leão e Castela, Navarra, Portugal e a Coroa de Aragão, e o condado de Barcelona (cristãos). O nome Espanha é ainda utilizado (erradamente, e especialmente fora da península Ibérica) para se referir à Península e não ao país.

Hispania

Hispania was the name given by the Romans to the whole of the Iberian Peninsula (modern Portugal, Spain, Andorra, Gibraltar and a very small southern part of France). When Rome was a republic, Hispania was divided into two provinces: Hispania Citerior and Hispania Ulterior. During the Principate, Hispania Ulterior was divided into two new provinces, Baetica and Lusitania, while Hispania Citerior was renamed Tarraconensis. Subsequently, the western part of Tarraconensis was split off, first as Hispania Nova, later renamed Callaecia (or Gallaecia, whence modern Galicia). From Diocletian's Tetrarchy (AD 284) onwards, the south of remaining Tarraconensis was again split off as Carthaginensis, and probably then too the Balearic Islands and all the resulting provinces formed one civil diocese under the vicarius for the Hispaniae (that is, the Celtic provinces).

Contents [hide]
1 Name
2 Pre-Roman history
3 Carthaginian Hispania
4 Roman Hispania
4.1 The Hispaniae
4.2 Byzantine reconquest
5 Germanic Hispania
6 Moorish Hispania
7 Sources and references
7.1 Modern sources in Portuguese and Spanish
7.2 Other modern sources
7.3 Classical sources
7.4 Neo-modern references
8 See also
9 References
10 External links



[edit] Name
The origin of the word Hispania is much disputed and the evidence is based merely upon what are at best apparent resemblances and the sketchiest of other supporting evidence. One theory holds it to be of Punic derivation, from the Phoenician language of colonizing Carthage. It may derive from the Canaanite Hebrew אי-שפניא (i-shfania) meaning "Island of the Hyrax" or "island of the hare" or "island of the rabbit". Another theory, proposed by the etymologist Eric Partridge in his work Origins, is that it is of Iberian derivation and that it is to be found in the pre-Roman name for Seville, Hispalis, which strongly hints at an ancient name for the country of *Hispa, an Iberian or Celtic root whose meaning is now lost. It may alternatively derive from Heliopolis (Greek for "city of the sun"). Occasionally it was called Hesperia, the western land, by Roman writers, or Hesperia ultima. Another theory derives the name from Ezpanna, the Basque word for "border" or "edge", thus meaning the farthest area or place. [1]

Substituting "Spanish" for Hispanicus or "Hispanic", or "Spain" for Hispania, though sometimes done by historians, is anachronistic and can be misleading, since the borders of modern Spain do not coincide with those of the Roman province of Hispania, or of the Visigothic Kingdom which briefly succeeded it. Although the Latin term Hispania was often used during Antiquity and the High Middle Ages as a geographical name for the Iberian Peninsula, its cognates "Spain" and "Spanish" have become increasingly associated with the Kingdom of Spain alone, after its formation in the 15th century under the Catholic Kings.


[edit] Pre-Roman history
Main articles: Prehistoric Iberia and Pre-Roman peoples of the Iberian Peninsula

Main language areas in Iberia circa 200 BC.The Iberian peninsula has long been inhabited, first by early hominids such as Homo erectus, Homo heidelbergensis and Homo antecessor. In the Paleolithic period, the Neanderthals entered Iberia and eventually took refuge from the advancing migrations of modern humans. In the 40th millennium BC, during the Upper Paleolithic and the last ice age, the first large settlement of Europe by modern humans occurred. These were nomadic hunter-gathereres originating on the steppes of Central Asia. When the last Ice Age reached its maximum extent, during the 30th millennium BC, these modern humans took refuge in Southern Europe, namely in Iberia, after retreating through Southern France. In the millennia that followed, the Neanderthals became extinct and local modern human cultures thrived, producing pre-historic art such as that found in L'Arbreda Cave and in the Côa Valley.

In the Mesolithic period, beginning in the 10th millennium BC, the Allerød Oscillation occurred. This was an interstadial deglaciation that lessened the harsh conditions of the Ice Age. The populations sheltered in Iberia (descendants of the Cro-Magnon) migrated and recolonized all of Western Europe. In this period one finds the Azilian culture in Southern France and Northern Iberia (to the mouth of the Douro river), as well as the Muge Culture in the Tagus valley.

The Neolithic brought changes to the human landscape of Iberia (from the 5th millennium BC onwards), with the development of agriculture and the beginning of the European Megalith Culture. This spread to most of Europe and had one of its oldest and main centres in the territory of modern Portugal, as well as the Chalcolithic and Beaker cultures.

During the 1st millennium BC, in the Bronze Age, the first wave of migrations into Iberia of speakers of Indo-European languages occurred. These were later (7th and 5th Centuries BC) followed by others that can be identified as Celts. Eventually urban cultures developed in southern Iberia, such as Tartessos, influenced by the Phoenician colonization of coastal Mediterranean Iberia, with strong competition from the Greek colonization. These two processes defined Iberia's cultural landscape - Mediterranean towards the southeast and a Continental in the northwest.


[edit] Carthaginian Hispania

Carthaginian influence sphere before the First Punic War.Further information: Second Punic War
After its defeat by the Romans in the First Punic War (264 BC-241 BC), Carthage compensated for its loss of Sicily by rebuilding a commercial empire in Hispania.

The major part of the Punic Wars, fought between the Punic Carthaginians and the Romans, was fought on the Iberian Peninsula. Carthage gave control of the Iberian Peninsula and much of its empire to Rome in 201 BC as part of the peace treaty after its defeat in the Second Punic War, and Rome completed its replacement of Carthage as the dominant power in the Mediterranean area. By then the Romans had adopted the Carthaginian name, romanized first as Ispania. The term later received an H, much like what happened with Hibernia, and was pluralized as Hispaniae, as had been done with the Three Gauls.


[edit] Roman Hispania
Main article: Roman Conquest of Hispania

Roman conquest of Hispania
Hispania under Caesar Augustus rule after the Cantabrian Wars 29 BCRoman armies invaded Hispania in 218 BC and used it as a training ground for officers and as a proving ground for tactics during campaigns against the Carthaginians, the Iberians, the Lusitanians, the Gallaecians and other Celts. It was not until 19 BC that the Roman emperor Augustus (r. 27 BC-AD 14) was able to complete the conquest (see Cantabrian Wars). Until then, much of Hispania remained autonomous.

Romanization proceeded quickly after the time of Augustus and Hispania was divided into three separately governed provinces (nine provinces by the 4th century). More importantly, Hispania was for 500 years part of a cosmopolitan world empire bound together by law, language, and the Roman road. But the impact of Hispania in the newcomers was also big. Caesar wrote on the Civil Wars that the soldiers from the Second Legion had become hispanicized and regarded themselves as hispanicus.

Many of the peninsula's population were admitted into the Roman aristocratic class and they participated in governing Hispania and the Roman empire, although there was a native aristocracy class who ruled each local tribe. The latifundia (sing., latifundium), large estates controlled by the aristocracy, were superimposed on the existing Iberian landholding system.

The Romans improved existing cities, such as Lisbon (Olissipo) and Tarragona (Tarraco), established Zaragoza (Caesaraugusta), Mérida (Augusta Emerita), and Valencia (Valentia), and provided amenities throughout the empire. The peninsula's economy expanded under Roman tutelage. Hispania served as a granary and a major source of metals for the Roman market, and its harbors exported gold, tin, silver, lead, wool, wheat, olive oil, wine, fish, and garum . Agricultural production increased with the introduction of irrigation projects, some of which remain in use today. The romanized Iberian populations and the Iberian-born descendants of Roman soldiers and colonists - had all achieved the status of full Roman citizenship by the end of the 1st century. The emperors Trajan (r. 98-117), Hadrian (r. 117-38), and Marcus Aurelius (r. 161-80) were born in Hispania. The Iberian denarii, also called argentum oscense by the roman soldiers, circulated until the 1st century BC after which was substituted by the roman coins.

Hispania was separated into two provinces (in 197 BC), each ruled by a praetor: Hispania Citerior ("Nearer Hispania") and Hispania Ulterior ("Farther Hispania"). The long wars of conquest lasted two centuries, and only by the time of Augustus did Rome managed to control Hispania Ulterior. Hispania was divided into three provinces in the 1st century BC.

In the 4th century, Latinius Pacatus Drepanius, a Gallic rhetorician, dedicated part of his work to the depiction of the geography, climate, inhabitants, soldiers, and so forth of the peninsula, writing with praise and admiration:

[hide]v • d • eRoman conquest of Hispania

Second Punic War - First Celtiberian War – Lusitanian War - Numantine War – Sertorian War – Cantabrian Wars

This Hispania produces tough soldiers, very skilled captains, prolific speakers, luminous bards. It is a mother of judges and princes; it has given Trajan, Hadrian, and Theodosius to the Empire.
With time, the name Hispania was used to describe the collective names of the Iberian Peninsula kingdoms of the Middle Ages, which came to designate all of the Iberian Peninsula plus the Balearic Islands.


[edit] The Hispaniae

Roman Hispania under Diocletian AD 293During the first stages of Romanization, the peninsula was divided in two by the Romans for administrative purposes. The closest one to Rome was called Citerior and the more remote one Ulterior. The frontier between both was a sinuous line which ran from Cartago Nova (now Cartagena) to the Cantabrian Sea.

Hispania Ulterior comprised what are now Andalusia, Portugal, Extremadura, León, a great portion of the former Castilla la Vieja, Galicia, Asturias, Cantabria, and the Basque Country.

Hispania Citerior comprised the eastern part of former Castilla la Vieja, and what are now Aragon, Valencia, Catalonia, and a major part of former Castilla la Nueva.

In the year BC 27 the general and politician Marcus Vipsanius Agrippa divided Hispania into three parts, namely dividing Hispania Ulterior into Baetica (basically Andalusia) and Lusitania (including Gallaecia and Asturias) and attaching Cantabria and the Basque Country to Hispania Citerior.

The emperor Augustus in that same year returned to make a new division leaving the provinces as follows:

Provincia Hispania Ulterior Baetica (Hispania Baetica), whose capital was Corduba, presently Córdoba. It included a little less territory than present-day Andalusia—since modern Almería and a great portion of what today is Granada y Jaen were left outside—plus the southern zone of present-day Badajoz. The river Anas or Annas (Guadiana, from Wadi-Anas) separated Hispania Baetica from Lusitania.
Provincia Hispania Ulterior Lusitania, whose capital was Emerita Augusta (now Mérida) and without Gallaecia and Asturias.
Provincia Hispania Citerior, whose capital was Tarraco (Tarragona). After gaining maximum importance this province was simply known as Tarraconensis and it comprised Gallaecia (modern Galicia and northern Portugal) and Asturias. In AD 69, the province of Mauretania Tingitana was incorporated into the Diocesis Hispaniarum.
By the 3rd century the emperor Caracalla made a new division which lasted only a short time. He split Hispania Citerior again into two parts, creating the new provinces Provincia Hispania Nova Citerior and Asturiae-Calleciae. In the year 238 the unified province Tarraconensis or Hispania Citerior was re-established.


Provinces of Hispania under the TetrarchyIn the third century, under the Soldier Emperors, Hispania Nova (the northwestern corner of Spain) was split off from Tarraconensis, as a small province but the home of the only permanent legion is Hispania, Legio VII Gemina. Beginning with Diocletian's Tetrarchy reform in AD 293, the new dioecesis Hispaniae became one of the four dioceses—governed by a vicarius—of the praetorian prefecture of Gaul (also comprising the provinces of Gaul, Germania and Britannia), after the abolition of the imperial Tetrarchs under the Western Emperor (in Rome itself, later Ravenna). The diocese, with capital at Emerita Augusta (modern Mérida), comprised the five peninsular Iberian provinces (Baetica, Gallaecia and Lusitania, each under a governor styled consularis; and Carthaginiensis, Tarraconensis, each under a praeses), the Insulae Baleares and the North African province of Mauretania Tingitana.

Christianity was introduced into Hispania in the first century and it became popular in the cities in the second century. Little headway was made in the countryside, however, until the late fourth century, by which time Christianity was the official religion of the Roman Empire. Some heretical sects emerged in Hispania, most notably Priscillianism, but overall the local bishops remained subordinate to the Pope. Bishops who had official civil as well as ecclesiastical status in the late empire continued to exercise their authority to maintain order when civil governments broke down there in the fifth century. The Council of Bishops became an important instrument of stability during the ascendancy of the Visigoths.


Spania at its greatest extent, around the time of its foundation.Rome continued to dominate the area until the collapse of the Empire in the west. The Iberian population turned to the Visigoths, a Germanic people, for protection when Rome could no longer spare legions to guard the territory.


[edit] Byzantine reconquest
Main article: Spania
A century later, taking advantage of a struggle for the throne between the Visigothic kings Agila and Athanagild, the eastern emperor Justinian I sent an army under the orders of Liberius to take back the peninsula from the Visigoths. This shortlived reconquest covered only a small strip of land along the Mediterranean coast roughly corresponding to the ancient province of Baetica, known as Spania.


[edit] Germanic Hispania
Further information: Visigoths, Suebi, Alans, Vandals

Iberian Peninsula (AD 530-AD 570)Rome's loss of jurisdiction in Hispania began in 409[citation needed], when the Germanic Suevi and Vandals, together with the Sarmatian Alans crossed the Rhine and ravaged Gaul until the Visigoths drove them into Iberia that same year. The Suevi established a kingdom in what is today modern Galicia and northern Portugal. The Alans' allies, the Hasdingi Vandals, established a kingdom in Gallaecia, too, occupying the region of Lusitania - modern Alentejo and Algarve, in Portugal. The Silingi Vandals occupied the region that still bears a form of their name - Vandalusia, modern Andalusia, in Spain.

Because large parts of Hispania were outside his control, the western Roman emperor, Honorius (r. 395-423), commissioned his sister, Galla Placidia, and her husband Athaulf, the Visigothic king, to restore order in the Iberian Peninsula. Honorius gave them the rights to settle in and to govern the area in return for defending it.

The highly romanized Visigoths entered Hispania in 415 and managed to compel the Vandals and Alans to sail for North Africa in 429. In 484 the Visigoths established Toledo as the capital of their monarchy. Successive Visigothic kings ruled Hispania as patricians who held imperial commissions to govern in the name of the Roman emperor. In 585 the Visigoths conquered the Suevi kingdom, thus controlling almost all Hispania.

Under the Visigoths, lay culture was not as highly developed as it had been under the Romans, and the task of maintaining formal education and government shifted decisively to the church because its Roman clergy alone were qualified to manage higher administration. As elsewhere in early medieval Europe, the church in Hispania stood as society's most cohesive institution. And it embodied the continuity of Roman order. In addition, Romans continued to run the civil administration and Latin continued to be the language of government and of commerce.[citation needed]

Religion was the most persistent source of friction between the Roman Catholic Romans and their Arian Visigothic overlords, whom the former considered heretical. At times this tension invited open rebellion, and restive factions within the Visigothic aristocracy exploited it to weaken the monarchy. In 589, Recared, a Visigothic ruler, renounced his Arianism before the Council of Bishops at Toledo and accepted Catholicism, thus assuring an alliance between the Visigothic monarchy and the Romans. This alliance would not mark the last time in the history of the peninsula that political unity would be sought through religious unity.

Court ceremonials - from Constantinople - that proclaimed the imperial sovereignty and unity of the Visigothic state were introduced at Toledo. Still, civil war, royal assassinations, and usurpation were commonplace, and warlords and great landholders assumed wide discretionary powers. Bloody family feuds went unchecked. The Visigoths had acquired and cultivated the apparatus of the Roman state but not the ability to make it operate to their advantage. In the absence of a well-defined hereditary system of succession to the throne, rival factions encouraged foreign intervention by the Greeks, the Franks, and finally the Muslims in internal disputes and in royal elections.

According to Isidore of Seville, it is with the Visigothic domination of the zone that the idea of a peninsular unity is sought after, and the phrase Mother Hispania is first spoken. Up to that date, Hispania designated all of the peninsula's lands. In Historia Gothorum, the Visigoth Suinthila appears as the first monarch where Hispania is dealt with as a Gothic nation.


[edit] Moorish Hispania
Main articles: Al-Andalus and Reconquista
I greet you, oh king of Al-Andalus, she that was called Hispania by the ancients.

—Oton's Embassador to Abderramán III in Medina Azahara.

The Reconquista, 790-1300.The North African Muslim, referred to as Moorish, conquest of Hispania (اسبانيا, Arabic: Isbānīya), which they called Al-Andalus (الأندلس), gave a new development, both in form and meaning, to the term "Hispania". The different chronicles and documents of the high Middle Ages designate as Spania, España or Espanha only the Muslim-dominated territory. King Alfonso I of Aragon (1104-1134) says in his documents that "he reigns over Pamplona, Aragon, Sobrarbe y Ribagorza", and that when in 1126 he made an expedition to Málaga he "went to the lands of España".

But by the last years of the 12th century the whole Iberian Peninsula, whether Muslim or Christian, became known as "Spain" (España, Espanya or Espanha) and the denomination "the Five Kingdoms of Spain" became used to refer to the Muslim Kingdom of Granada, and the Christian Kingdom of León and Castile, Kingdom of Navarre, Kingdom of Portugal and Crown of Aragon (including the County of Barcelona).

The process of the Reconquista (Christian Reconquest of Hispania from the Moors), produced the emergence of several Christian kingdoms, as the ones mentioned above. Some of these eventually merged into a single country. In fact, with the union of Castile and Aragon in 1479 (and especially with the incorporation of Navarre in 1512), the word "Spain" (España in Spanish, Espanha in Portuguese), began being used only to refer to the new kingdom and not to the whole of the Iberian peninsula, now composed of two independent countries, Portugal and Spain.


[edit] Sources and references
This article contains material from the Library of Congress Country Studies, which are United States government publications in the public domain.


[edit] Modern sources in Portuguese and Spanish
Altamira y Crevea, Rafael Historia de España y de la civilización española. Tomo I. Barcelona, 1900. Altamira was a professor at the University of Oviedo, a member of the Royal Academy of History, of the Geographic Society of Lisbon and of the Instituto de Coimbra. (In Spanish.)
Aznar, José Camón, Las artes y los pueblos de la España primitiva. Editorial Espasa Calpe, S.A. Madrid, 1954. Camón was a professor at the University of Madrid. (In Spanish.)
Bosch Gimpera, Pedro; Aguado Bleye, Pedro; and Ferrandis, José. Historia de España. España romana, I, created under the direction of Ramón Menéndez Pidal. Editorial Espasa-Calpe S.A., Madrid 1935. (In Spanish.)
García y Bellido, Antonio, España y los españoles hace dos mil años (según la Geografía de Estrabón). Colección Austral de Espasa Calpe S.A., Madrid 1945 (first edition 8-XI-1945). García y Bellido was an archeologist and a professor at the University of Madrid. (In Spanish.)
Mattoso, José (dir.), História de Portugal. Primeiro Volume: Antes de Portugal, Lisboa, Círculo de Leitores, 1992. (in Portuguese)
Melón, Amando, Geografía histórica española Editorial Volvntad, S.A., Tomo primero, Vol. I-Serie E. Madrid 1928. Melón was a member of the Royal Geographical Society of Madrid and a professor of geography at the Universities of Valladolid and Madrid. (In Spanish.)
Pellón, José R., Diccionario Espasa Íberos. Espasa Calpe S.A. Madrid 2001. (In Spanish.)
Urbieto Arteta, Antonio, Historia ilustrada de España, Volumen II. Editorial Debate, Madrid 1994. (In Spanish.)

[edit] Other modern sources
This article draws heavily on the corresponding article in the Spanish-language Wikipedia, which was accessed in the version of 27 February 2005. It was translated by the Spanish Translation of the Week collaboration.
Westermann Grosser Atlas zur Weltgeschichte (in German)
Hispania

[edit] Classical sources
The notitia dignitatum (circa AD 400; one edition online is http://www.intratext.com/IXT/LAT0212/_PJ.HTM#1WJ)
Other classical sources have been accessed second-hand (see references above):

Strabo, Geographiká. Book III, Iberia, written between the years 29 and 7 BC and touched up in AD 18. The most prestigious and widely used edition is Karl Müller's, published in Paris at the end of the 19th century, one volume, with 2 columns, Greek and Latin. The most reputed French translation is Tardieu, París 1886. The most reputed English translation (with Greek text) is H.L. Jones, vol. I-VIII, London 1917ff., ND London 1931ff.
Ptolemy (Greek astronomer of the 2nd century) Geographiké Hyphaégesis, geographic guidebook.
Pacatus (Gallic rhetorician) directed a panegyric on Hispania to the emperor Theodosius I in 389, which he read to the Senate.
Paulus Orosius (390–418) historian, follower of Saint Augustine and author of Historiae adversus paganos, the first Christian universal history, and of Hispania Universa, an historical guide translated into Anglo-Saxon by Alfred the Great and into Arabic by Abd-ar-Rahman III.
Lucius Anneus Florus (between 1st and 2nd century). Compendium of Roman History and Epitome of the History of Titus Livius (Livy). The relevant texts of Livy have been lost, but we can read them via Florus.
Trogus Pompeius. Believed to be a Gaul with Roman citizenship. Historia universal written in Latin in the times of Augustus Caesar.
Titus Livius (Livy) (59 BC–17 BC). Ab urbe condita, Book CXLII of Livy's surviving work.

[edit] Neo-modern references
E. Hübner, La Arqueologia de España (Barcelona, 1888)
E. S. Bouchier, Spain under the Roman Empire (Oxford, 1914)

[edit] See also
Pre-Roman peoples of the Iberian Peninsula
Iberian peninsula
Iberian languages (all languages spoken, past & present, in Iberia)
Tartessos (Early Iberian civilization)
Tartessian language
Southwest script
Ophiussa
Oestriminis
Iberians
Iberian language
Iberian scripts
Lusitanians
Lusitanian language
Lusitanian mythology
Cynetes
Celtiberians
Celtiberian language
Celtiberian script
Hispania Citerior
Hispania Ulterior
Tarraconensis
Lusitania
Gallaecia
Baetica
Suevi Gallaecia
Vandals in Hispania
Alans in Hispania
Visigothic Hispania
Al-Andalus (Muslim Medieval Iberia)
Umayyad conquest of Hispania
Timeline of the Muslim Occupation of the Iberian peninsula
Reconquista
Portugal
History of Portugal
Timeline of Portuguese history
Spain
History of Spain

Nenhum comentário: